segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

"Ainda creio na Bondade Humana"


"O caminho para Auschwitz foi construído com o ódio, mas pavimentado com a indiferença" - Ian Kershaw, professor de religião e investigador da Shoá.

Auschwitz é um ex-campo de concentração nazista, o mais famoso palco das atrocidades do Holocausto. O local, que fica a setenta quilômetros de Cracóvia na Polônia, foi preservado como testemunha. O interior de alguns edifícios do complexo exibe objetos pessoais das vítimas, fotografias e testemunhos Eu tive oportunidade de visitá-lo ano passado em viagem aquele país. Também visitei a fábrica de Schindler (do excelente filme “A Lista de Schindler” – recomendo) e o gueto judaico em Cracóvia.
A história do Holocausto não era novidade para mim, ainda que eu não seja a conhecedora mais profunda do assunto. Mas tal visita marcou-me profundamente! Estar ali foi de sentir o coração ser atravessado!

Algo que me surpreende muito e me faz pensar preocupada sobre o futuro é constatar em conversas que muitas pessoas desconhecem a história do Holocausto e da Segunda Guerra Mundial!

Os fatos de tal episódio atroz da história da humanidade não podem deixar de serem lembrados, não podem ser esquecidos ou negados!
A memória do Holocausto é de suma importância para que gerações futuras não repitam o que houve naquele tempo!

Frase retirada de um vídeo de 2009 da Fierj sobre Holocausto:

“O desinteresse pelos livros de história e o conceito de que não há nada de útil em estudar o passado é palco perfeito para os revisionistas e negacionistas, eles são estudiosos que adulteram a realidade”

A verdade é que o Horror nazista nasceu da semente do ódio intolerante plantada séculos antes e teve como aliada a indiferença!

Estou falando do assunto aqui hoje (apressadamente entre meus afazeres, portanto, desculpe-me pelas limitações da postagem) por que ontem foi Dia Internacional da Memória do Holocausto!

E muito tristemente ontem também foi o dia em que a tragédia de Santa Maria no Rio Grande do Sul sensibilizou tantos de nós!
Porém ao navegar por redes sociais hoje nos deparamos com muitas piadas de péssimo gosto sem o menor respeito por aqueles que estão sofrendo, e ainda comentários lastimáveis de pessoas “religiosas” – entre aspas...

Ontem quando procurava postagens sobre o Dia Internacional de Memória do Holocausto eu encontrei um texto do Rabino More Ventura escreveu em sua página do Facebook! (/more.ventura). O Rabino “linkou” os temas e exortou algo muito importante! Melhor do que eu explicar é reproduzir aqui o texto do Rabino:

“Jovens mortos carbonizados...
Corações de mães e pais triturados.
Amizades abortadas, sonhos e amores... Mortos, queimados.
Tenho ouvido "comediantes" fazendo piadas.
Tenho visto "Gente" "religiosa" culpar os jovens por seus pecados.
E nisto testemunho o pior incêndio de todos, que é aquele que resulta na maior tragédia que existe: A que dilacera, carboniza e dissolve a alma do ser humano.
Aos jovens que se foram: Luz.
Às famílias e amigos Luz, Força e Compreensão.
Aos que riem e condenam: Saibam que estão se queimando com o pior fogo que existe, o da indiferença, da soberba e do ódio.
À grande maioria sensibilizada: Vamos orar e reagir, pois o fogo da insensibilidade e da pseudo religiosidade está se alastrando!
Nesta mesma data na qual nos lembramos do holocausto nazista, nos deparamos com a imagem de jovens transformados em pó e infelizmente no dia de gritarmos mais alto o famoso "Nunca mais", sentimos o temor da sombra dos gritos de do fanatismo "religioso" e das gargalhadas egoístas ameaçando abafá-lo.
Solidariedade! Resistência e Reação Já!
Precisamos de uma mudança de rumo URGENTE!
PENSE E REAJA!”
Rabino More Ventura.

Concordo com o rabino e me sinto triste por constatar tais coisas, mas, assim como Anne Frank, a Anne Frank do Holocausto, quero acreditar:

“Apesar de tudo eu ainda creio na bondade humana” - Anne Frank


O Tema da tragédia de Santa Maria nos leva a muitas questões!
Sim, há muitas outras tragédias acontecendo agora mesmo! Que vêem acontecendo por muito tempo! São injustiças sociais que parecem ter se tornado invisíveis aos olhos de muitos e tantas tragédias cotidianas!
É importante ter consciência disso, mas isso não anula o justo pesar pelas vidas tragicamente interrompidas no incêndio de Sta. Maria!
Parece-me mais que compreensivo que esse triste fato sensibilize a nós jovens!
Nós nos vemos naquelas pessoas que foram vitimizadas! Os jornais trazem fotos tiradas durante a festa, fotos que se não fosse o trágico desfeche estariam hoje postadas em perfis do Facebook e são fotos parecidas com as nossas! Muitos de nós, como eu e talvez você que lê, estamos cursando faculdade, freqüentamos festas, gostamos de nos divertir com amigos nos finais de semana...  Sabemos muito bem imaginar como seriam os sonhos daqueles universitários! De modo que não preciso dissertar muito sobre o sentimento daqueles que, mesmo sem conhecer, se vêem nas vítimas, se entristecem por eles e seus familiares!

Nós sabemos muito bem como aqueles estudantes deixaram suas casas para ir a uma festa! Eles certamente o fizeram como nós jovens costumamos fazer, pensando no momento de diversão que desejamos ter e sem pensar sobre “o que possa dar errado”
Não costumamos pensar sobre isso, não é inerente da juventude! E temos esse triste exemplo de que, diferente da sensação de imortalidade típica da nossa idade e de que as coisas acontecem só com os outros, nós não somos imortais! E além de planejar com entusiasmo é prudente pensar sobre “o que possa dar errado”

Muito está sendo falado, seja na mídia ou nas conversas, sobre os culpados! A verdade é que há uma imensa cadeia de responsáveis! Que chega até as responsabilidades do Estado em dar conta de questões de segurança em locais freqüentados publicamente! Claro que fatalidades acontecem! Mas as notícias e comentários de especialistas em segurança, chegam nos dando conta de que o cumprimento de certas normas poderiam ter evitado tanta tristeza e perdas tão inestimáveis!
Creio que precisamos perceber algumas coisas das quais as notícias de Santa Maria traz à tona! Falo de identificar responsabilidades e usar nosso poder, o poder da chamada “massa virtual”, poder da nossa voz, para reclamar o cumprimento de leis!
Verdade que nada trará aqueles jovens de volta! Mas o que infelizmente ocorreu pode servir para evitar que outras vidas sejam tão precocemente finalizadas!



segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

"Hildebrando e a Arca do Tesouro"

Prólogo

uito tempo atrás...

Viveu um jovem de nome Hildebrando! Ele era ambicioso e valente! E sabia de uma famosa lenda de seu tempo sobre uma arca que detinha um tesouro preciosíssimo!
Rezava a lenda que em tempos muito remotos um poderoso mago havia guardado o tesouro dentro de uma arca e a colocado no topo de uma altíssima montanha mística!
Hildebrando desejava se tornar possuidor de tão valioso tesouro e soube dos sábios da época a direção a ser seguida para buscar a lendária montanha onde o mago havia depositado a arca. Mas o advertiram que o mago havia enfeitiçado os acessos à montanha.

A Floresta


Hildebrando tomou sua espada e seguiu valente rumo à montanha da arca! Seguindo as orientações dos sábios, após muito tempo de viagem, chegou a uma Floresta Negra!
Hildebrando adentrou à floresta e depois de estar há alguns dias na floresta ele encontrou homens tenebrosos! Eram homens vestidos de grandes mantos negros e tinham suas faces ocultas. Esses homens cometiam atos que despertavam ojeriza em Hildebrando.
Hildebrando sentiu uma repulsa sem igual por aqueles homens e os odiou! Tomado de ódio pelos atos deles Hildebrando empunhou sua espada e partiu em ataque contra eles matando-os com brutalidade bestial!
Após matá-los quis conhecer a face de tão repulsivos homens. Mas ao retirar seus capuzes Hildebrando se aterrorizou, pois viu que todos tinham o mesmo rosto que ele! Ver seu próprio rosto naqueles homens levou Hildebrando a uma angústia nunca antes experimentada e ele fugiu afundando-se na negridão da floresta!
Sua alma foi tomada de profunda melancolia e depressão. Sua amargura durou muito tempo e ele esteve muito perto de desistir de buscar seu tesouro. Por que o mago teria criado magia tão cruel para quem atravessasse a floresta?
As atrocidades dos homens, o momento em que os atacou e seus rostos revelados não saiam da mente de Hildebrando. Por muito tempo Hildebrando repetiu as cenas dos atos dos homens em sua mente acabando por reconhecer que além da repulsa, sentira certa satisfação perversa com aqueles atos, que tais homens eram como algo obscuro escondido dentro de seu próprio ser. Admitindo ter o mago usado sua própria sombra para aterrorizar-lhe Hildebrando dominou os sentimentos de melancolia e tão logo o fez um faço de luz mostrou a saída da floresta.
Hildebrando a chamou de “A Floresta da Melancolia”.

O Lago


Quando Hildebrando deixou a floresta se viu diante de um imenso lago com um barco a remos amarrado às suas margens. Hildebrando sabia que deveria atravessar o lago. Embarcou e remou seguindo em direção reta. Por muito tempo ele remou sem ter o menor sinal de que a outra margem estaria próxima. Hildebrando depois de muito tempo começou a acreditar que por magia ele não chegava à margem e não conseguia manter a rota! Tentou se orientar pelas estrelas sem êxito. Mudou sua direção uma centena de vezes. Até que mergulhou no lago crendo que o mago poderia ter criado apenas um modo subaquático de sair dali, mas por mais que procurasse não encontrava nada! Quanto mais procurava a outra margem, mais parecia que nunca a encontraria. Hildebrando passou a ficar à deriva no lago. Durante esse tempo Hildebrando solitário que já não mergulhava no lago, passou a mergulhar dentro de si próprio e experimentava uma verdadeira aventura interior enquanto que ao seu redor tudo permanecia sereno... Até que um dia Hildebrando sentiu uma profunda paz! Assim que fora tomado desse sentimento ele viu a outra margem. Hildebrando deixou o lago e o chamou de “O Lago da Serenidade”.

A Aldeia dos Gnomos

Ao deixar o lago Hildebrando encontrou um bonito campo e seguiu por ele. Após alguns quilômetros ele viu dois pequeninos homenzinhos! Hildebrando admirou-se muito dos homens tão pequenos de corpos atarracados e seus chapéus compridos e pontiagudos!
Os pequeninos faziam grande esforço para carregar alguns gravetos. Assim que notaram a presença de Hildebrando os dois pequeninos o miravam com certo receio. Hildebrando juntou alguns gravetos e demonstrou ser amistoso e desejoso de ajudar. Os pequeninos aceitaram a ajuda. Hildebrando os seguiu até uma aldeia repleta de pequeninos. Hildebrando sentiu grande satisfação em ter feito um trabalho que custaria muito tempo e esforço para os pequeninos. Talvez os pequeninos soubessem de algo que o pudesse ajudar em sua busca pela arca. Mas não se apressou em perguntar! Hildebrando foi conhecendo a aldeia guiada pelos dois pequeninos que encontrara no campo.
Hildebrando acabou passando muito tempo junto com os pequeninos! E fez muitos trabalhos, como usar usa espada para criar um desvio que levava água de um rio até as hortas dos pequenos, ajudou a fazer casinhas, a criar proteção contra ataques de animais... Quanto mais tempo ficava lá, mais ele conhecia intimamente cada um dos habitantes da aldeia. Hildebrando descobriu que se importava muito com o bem-estar da aldeia e viveu na verdade muitos anos junto aos pequenos. Após muitos anos ali, quando a aldeia vivia grande prosperidade Hildebrando se lembrou de perguntar sobre arca do tesouro. Os pequenos lhe indicaram a direção. Hildebrando despediu-se de seus muitos amigos e chamou aquele lugar de “A Aldeia dos Gnomos”.

A Montanha da Arca


Seguindo a direção dada pelos pequeninos, Hildebrando chegou aos pés de uma imensa montanha! Tão imensa que não podia ver-lhe o topo. Admirou-se profundamente com a altura da montanha e se admirou do poder do mago que a ergueu! Hildebrando teria que escalar a montanha e pôs-se a cumprir a tarefa!
Quanto mais alto ele chegava mais se admirava da visão que podia ter dali! Subiu tanto e tanto que já enxergava todos os lugares em que estivera no decorrer de toda sua vida até ali.
Hildebrando continuava subindo e subindo e quanto mais subia, mais a escalada mexia com seu íntimo! Quanto mais alto, mais Hildebrando sentia-se esvaziar-se de si próprio, ao mesmo tempo em que era cada vez mais tomado por um sentimento de que ele era uno com a montanha e com tudo o que podia ver. Hildebrando se sentia cada vez mais parte de algo muito grandioso. Sentia-se um com todo o universo.

Até que ele chegou finalmente ao topo. E lá chegando uma grande caverna guardava a lendária arca detentora do inestimável tesouro. Na verdade, quando Hildebrando a encontrou já não cobiçava mais as fortunas que imaginara haver dentro. Enquanto subiu a montanha seus desejos individuais se esvaíram completamente, dando lugar ao sentimento de unidade com tudo que existia!
Hildebrando foi até a arca. Qual seria afinal seu conteúdo misterioso?
Ele segurou a tampa e a abriu vagarosamente e para sua surpresa a arca estava completamente vazia!

Epílogo

A surpresa inicial de Hildebrando logo passou. Ele entendeu que encontrara finalmente o tesouro! Nunca esteve dentro da arca, mas em tudo que teria que experienciar para chegar até ali!

Hildebrando fechou a arca com o coração desejoso de que muitos outros aventureiros a encontrassem!
Ao sair da caverna da arca viu um grande grifo que o esperava.                       
Hildebrando montou no grifo e eles voaram em direção a infinitude do céu.

  



...beijinhos***